quinta-feira, 10 de novembro de 2016

acupuntura

Acupuntura


O que é

A acupuntura é um conjunto de práticas terapêuticas inspirado nas tradições médicas orientais. Criada há mais de dois milênios, a acupuntura é um dos tratamentos médicos mais antigos do mundo. Consiste na estimulação de locais anatômicos sobre ou na pele – os chamados pontos de acupuntura.
Diferentes abordagens para o diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças são realizadas, entretanto o procedimento mais adotado no mundo atualmente é a penetração da pele por agulhas
metálicas muito finas e sólidas, manipuladas manualmente ou por meio de estímulos elétricos.
De acordo com a tradição chinesa, a técnica é capaz de ajustar canais energéticos do corpo, chamados na acupuntura de meridianos, de acordo com equilíbrio de yin e yang. A medicina ocidental e moderna, contudo, sugere que o método estimule a liberação de substâncias químicas que alteram o sistema nervoso e podem ter efeitos em todo o corpo, promovendo o equilíbrio do organismo. Sendo assim, está muito associada a transtornos orgânicos resultantes de tensões emocionais como o estresse.
O diagnóstico é feito após o questionamento de diferentes aspectos da vida do paciente e a observação de manifestações físicas como a pulsação, a respiração, cor e aspecto da pele e da língua. Assim que o problema é identificado, o paciente pode ter alguns de seus mais de mil pontos de acupuntura estimulados em diversas e frequentes sessões.

Para que serve

A acupuntura busca a recuperação do organismo como um todo pela indução de processos regenerativos, normalização das funções alteradas, reforço do sistema imunológico e controle da dor.
Embora pesquisas tenham demonstrado que a acupuntura pode realmente desativar áreas do cérebro associadas a dores, não se sabe exatamente se o método constitui um mecanismo que sustenta ou contribui para o efeito terapêutico sobre uma pessoa.
De qualquer forma, a técnica sobrevive há milênios, mostrando benefícios a indivíduos com problemas gastrointestinais, respiratórios, musculares, urológicos, endocrinológicos, psicológicos e neurológicos, ginecológicos e até mesmo dermatológicos.
A acupuntura é especialmente indicada para a redução da dor em casos de fibromialgia e dores
localizadas nas costas, tratamento de náuseas e vômitos em pacientes que se submetem a quimioterapias ou cirurgias, e diminuição da tensão emocional.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a prática um complemento da medicina moderna. Nos Estados Unidos, foi recomendado apenas no ano passado pelo Instituto Nacional para a Saúde e Excelência Clínica (NICE) como opção de tratamento para dores nas costas pelo sistema público de saúde do país.
No Brasil, a acupuntura é reconhecida como especialidade médica conforme deliberação do Conselho Federal de Medicina e consta na Tabela do Sistema de Informações Ambulatoriais (SAI/SUS) do Ministério da Saúde.

Curiosidades

Experiências com ratos demonstraram que a acupuntura pode até triplicar os efeitos de um composto natural conhecido por suas funções antiinflamatórias e analgésicas.
Pesquisadores da Universidade de Rochester, nos EUA, observaram que tecidos próximos das agulhas tinham até 24 vezes mais adenosina, sugerindo que a imperceptível perfuração da pele possa acionar tanto o acúmulo da substância em tecidos mais externos da pele, como também a sinalização ao cérebro para criar endorfinas naturais contra a dor.
De acordo com a medicina chinesa, os meridianos energéticos que atravessam o corpo são afetados por energias “perversas”, que afetam o organismo de forma geral. Apesar de soar místico, a própria tradição ocidental considera que ventos, bactérias, vírus, lesões, traumas, ansiedades, frio ou calor constituam boa parte das energias “perversas”. A medicina moderna concorda.
Nem apenas de agulhas vive a acupuntura: a estimulação de pontos de acupuntura pode ser feita também pelos dedos (acupressão), com pedras quentes, laser e muitas outras técnicas. O importante, pregam os defensores da prática, é que os fluxos energéticos sejam retomados e a energia do corpo equilibrada.

Massagem

Dores no corpo e os pontos-gatilho

Acredita-se que 75% das dores no corpo são causadas pelos pontos-gatilho ( trigger point ), nós ou contraturas, como também podem ser chamados. A formação de pontos gatilhos ocorre quando o músculo se contrai e não retorna ao seu estado de relaxamento normal formando assim nódulos nos miofilamentos que produzem dor, diminuem a produtividade muscular e movimento das articulações. Os pontos-gatilho são pontos relativamente sensíveis e podem ser localizados no músculo através de toque. Pontos-gatilho não são pontos de acupressão, apesar de alguns dos pontos serem localizados no mesmo local. Pontos de acupressão são explicados pela medicina tradicional chinesa como pontos que trabalham os meridianos energéticos.
A formação dos pontos-gatilho está totalmente ligada à rotina estressante do dia-a-dia, falta de preparação física, movimentação inadequada, excesso de esforços repetitivos e utilização de alguns medicamentos. Dor de cabeça, no pescoço, na região lombar e limitação no movimento das articulações, podem ser causadas pelos pontos-gatilho ativos. Fortes dores causadas pelos pontos podem aparecer acompanhadas de sintomas como dor de ouvido, náuseas, tontura, arritmia, dor nos genitais, cólicas e outros. Através do tratamento adequado dos pontos-gatilho parte dos medicamentos consumidos livremente para diminuir esses sintomas poderiam ser consumidos com menor frequência.
Os pontos-gatilho não são simples de se tratar. Alguns livro citam a possibilidade de auto tratamento. Cada tipo de ponto necessita de tratamento adequado para desativação. O auto tratamento pode ser complicado pelos pontos serem divididos em fixos, centrais e satélites, exigindo assim um conhecimento mais amplo. Cada ponto deve ser localizado, reconhecido e tratado com manobras manuais, que são diferentes para cada caso. Um ponto gatilho tratado de maneira inadequada pode gerar mais dor e até mesmo ativação de outros pontos. O tratamento dos pontos-gatilho não exclui a necessidade de consultar um médico. Somente um médico poderá realizar um diagnostico concreto baseado em exames e testes.
Pontos-gatilho

Doença de Alzheimer: uma doença da família

    Atualmente, há no Brasil em torno de 1,5 milhão de pessoas diagnosticadas com a doença
    case HFSE familia adriane direitaAdriane, de blusa branca a direita, e famíliaHá três anos, o advogado Otávio Trierweile, 67, acordou ao lado da esposa, Ana Maria, com quem é casado há mais de 40 e não a reconheceu. Também não lembrava onde estava e quem eram seus três filhos, um deles, a psicóloga Adriane Trierweile. No início deste ano, foi diagnosticado pelo Serviço de Neurologia do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) com doença de Alzheimer, que afeta principalmente idosos acima de 80 anos (a prevalência nesta faixa etária é de 50%).
    “Começou com um esquecimento e foi piorando aos poucos. Foram dois anos de angústias sem saber realmente o que meu pai tinha. A confirmação veio após uma ressonância magnética no hospital, onde iniciou o tratamento. Saber realmente o que é nos tranquilizou até para entender a doença e adequar a forma como vamos lidar com ela e ao tipo de tratamento exigido”, destaca Adriane, ao relatar que a família teve de adaptar completamente para conseguirem as melhores comodidades para o pai, que “é um homem culto e entendia profundamente das leis”.
    “Mesmo sendo psicóloga não é fácil, pois mudou toda a rotina da casa. Ele muda rapidamente de humor, faz pirraça, má criação, não fala coisas conexas e anda com muita dificuldade. O mais difícil é para minha mãe. Mas ela cuida dele como se fosse uma criança” revela. Os problemas vividos pela família de Adriane são os mesmos passados pela família da ex-representante comercial, Eliane da Cruz, desde que há oito anos sua mãe, dona Maria Isabel Ferreira Cruz, 81 anos, foi diagnosticada com Mal de Alzheimer pelo Serviço de Neurologia do Hospital Federal Cardoso Fontes (HFCF).
    Desde então, vem realizando o tratamento na unidade, sendo acompanhada pelo médico neurologista Cassius Pierry Oliveira Martins. Eliane conta que a mãe trabalhou a vida inteira em serviços domésticos, mas agora não consegue mais fazer coisas simples, como se deslocar sem a ajuda de uma cadeira de rodas ou ir ao banheiro. “Às vezes ela passa um bom tempo mexendo com a colcha ou o lençol como se estivesse lavando roupa. Já causou uma explosão no fogão. Também tem muitos problemas para se lembrar de coisas que fez ou das pessoas, até das mais próximas”, conta.
    Os dramas passados pelas duas famílias atingem a cerca de 1,5 milhão de pessoas no Brasil, que também são diagnosticadas com o Alzheimer, uma doença degenerativa, que não tem cura. De acordo com o chefe de serviço de Neurologia do HFSE, Rogério Monteiro Naylor, “provavelmente, este número vai crescer, uma vez que a tendência da população idosa no país é de crescimento”.
    Além disso, conforme as faixas etárias vão aumentando acima dos 60 anos, também amplia a possibilidade do desenvolvimento da doença. Como explica Naylor, a doença foi descrita pela primeira vez em meados do século passado, pelo Alemão Aluysios Alzheimer e afeta a capacidade de gerir os atos da vida cotidiana, sejam os do trabalho ou os que envolvem as atividades domésticas, se caracterizando pelo declínio gradual, lento e progressivo da função intelectual.
    Sintomas e tratamento – Para o médico neurologista, o esquecimento não é o maior problema, mas as alterações que provoca na vida dos familiares. “O mais grave é a incapacidade de realização de atos habituais como se vestir e a higiene corporal. Há alterações no comportamento e no humor, que impactam o dia-a-dia da família. É uma doença da família e não da pessoa que, normalmente, fica alheia”, destaca Naylor, que atua há 10 anos com pacientes acometidos pela enfermidade e, neste período, já atendeu mais de 500 usuários com a doença no serviço de neurologia do HFSE.
    Por sua vez, o médico neurologista do Hospital Federal Cardoso Fontes (HFCF), Cassius Pierry Oliveira Martins, enfatiza que a doença possui três estágios: inicial, intermediária e avançada. “Em nenhuma delas é recomendável que a pessoa viva só ou cozinhe. Contudo, é importante não excluí-las de todas as atividades da casa, para que não se sintam inutilizados”. Para ele, é fundamental uma orientação médica aos cuidadores, para que conheçam mais sobre a doença e, desta forma, possam “amenizar os percalços que certamente irão acontecer”. “Fazer rodízio de cuidadores pode evitar o esgotamento físico e mental”, ensina.
    Entre os sintomas mais comuns estão: a troca de objetos de lugar, ficar repetitivo, esconder pertences, alterações da linguagem, com dificuldades de escolher palavras e reconhecer objetos, desorientação no tempo e no espaço, dificuldades em executar tarefas habituais. Outros sintomas também podem se manifestar como alterações na personalidade e do humor, como apatia, isolamento e depressão, além de alterações no comportamento, como suspeição, paranoia, delírios, raiva, inquietação, perambulação, confusão mental ao final da tarde, alucinações e alterações do sono.
    “Os sinais vão mudando com o avançar da doença, que, pode ser confundida com outras demências ou mal de Parkinson. É importante o diagnóstico para que o tratamento freie a doença. Existem testes clínicos de rastreio que seguem critérios diagnósticos aceitos mundialmente. Também devemos realizar exames laboratoriais no sangue e no liquor e de imagem, como ressonâncias magnéticas ou tomografias computadorizadas, afim de fazer diagnóstico de exclusão de outras demências”, explica Cassius Martins, ao observar que as formas de prevenção são aquelas já recomendadas para uma boa saúde, como manter um estilo de vida saudável com a prática de exercícios físicos e o consumo de alimentos naturais.
    Todos os testes e exames para o diagnóstico e emissão do laudo de medicamentos especiais, são oferecidos nos Hospitais Federais Cardoso Fontes (HFCF) e Servidores do Estado (HFSE). O tratamento, ofertado gratuitamente pela rede pública, se divide em específico para a demência, com remédios como donepezila, glantamina(er), rivastigmina e memantina(xr); e para controlar as intercorrências clínicas e psiquiátricas da enfermidade, como por exemplo, os distúrbios do sono, a agressividade e a agitação.
    Texto e fotos: Aluízio de Azevedo
    ASCOM/MS/RJ

    Pesquisa investiga relação entre pressão arterial e estresse

      pressão aterial"O estresse no trabalho representa importante fator de risco psicossocial associado à morbidade e mortalidade cardiovascular. A elevação da pressão arterial tem sido apontada como um possível mecanismo pelo qual o estresse no trabalho aumenta o risco cardiovascular. Mas existem grandes inconsistências na literatura a respeito dessa relação, determinadas, em grande parte, por questões metodológicas." A afirmação é da aluna do doutorado em Epidemiologia em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Leidjaira Juvanhol Lopes. Sua tese, desenvolvida sob orientação da pesquisadora Rosane Härter Griep, adotou diferentes estratégias analíticas que forneceram evidências de que a relação entre o estresse no trabalho e a pressão arterial varia ao longo da distribuição de pressão arterial, sendo mais evidente entre os participantes com mais de 50 anos, e não sendo observadas diferenças segundo sexo. Ela explica: "O estresse no trabalho vai aumentar a pressão arterial dependendo dos níveis de pressão arterial do indivíduo, ou seja, de acordo com o valor da pressão arterial, o estresse no trabalho vai agir de forma mais ou menos acentuada".
      Segundo Leidjaira, esse achado tem importantes implicações, pois, como a quase totalidade dos estudos foca em partes específicas da distribuição de pressão arterial, as conclusões em relação a seus principais determinantes, dentre os quais o estresse no trabalho, são baseadas em efeitos sobre a média ou no extremo populacional, esse último representado pelos casos de hipertensão arterial. "Conclui-se, no estudo de problemas complexos de pesquisa, como o abordado nessa tese, que a combinação de diferentes estratégias analíticas pode contribuir de forma significativa para o preenchimento das lacunas existentes."
      A tese em foco é parte do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil), investigação multicêntrica sobre as doenças cardiovasculares e o diabetes que acompanham servidores públicos, de ambos os sexos, entre 35-74 anos, de seis instituições de ensino superior e pesquisa do país: Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade de São Paulo (USP) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Nessa tese, foram utilizados dados da linha de base do Elsa-Brasil, referentes aos participantes não aposentados, para abordar a relação entre o estresse no trabalho e a pressão arterial.
      Entre os dois artigos produzidos com base no estudo, o primeiro analisou a relação entre o estresse no trabalho e a distribuição de pressão arterial por meio de uma combinação de diferentes técnicas exploratórias. Adicionalmente, foram apresentados aspectos sobre a operacionalização das variáveis de estresse no trabalho e relacionadas à pressão arterial que influenciam no estudo de suas inter-relações. Conforme evidenciaram os resultados, a relação entre o estresse no trabalho e a pressão arterial varia ao longo da distribuição de pressão arterial. A relação investigada foi mais evidente entre os participantes com mais de 50 anos, mas não foram observadas diferenças segundo sexo. Também foi verificado um incremento nas diferenças entre as médias pressóricas dos grupos de baixo e alto estresse no trabalho, após excluir das análises os participantes com maior probabilidade de erros de classificação nas variáveis de estudo.
      O segundo artigo, por sua vez, elucidou Leidjaira, teve o objetivo de analisar a associação entre o estresse no trabalho e a pressão arterial usando análise de regressão quantílica, além de investigar se as dimensões de estresse no trabalho – demandas psicológicas, uso de habilidades e autonomia para decisão – associam-se de forma diferenciada com a pressão arterial. Segundo ela, os resultados indicaram que os participantes do Elsa-Fiocruz são os que apresentam os maiores níveis de uso de habilidades, que se referem às oportunidades para ser criativo, usar competências intelectuais e aprender coisas novas no trabalho, bem como possuírem os níveis mais altos de autonomia para tomar decisões sobre a forma de realizar o próprio trabalho. A respeito da relação dessas dimensões com a pressão arterial, acrescentou a aluna, foi identificado que somente a autonomia para decisão está associada à pressão arterial, sendo essa associação significativa apenas na parte central da distribuição de pressão arterial e entre os não usuários de medicamentos anti-hipertensivos. Também não foram observadas diferenças segundo sexo.
      Leidjaira Juvanhol Lopes é graduada em Enfermagem, com mestrado em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Ela colabora nas análises do banco de dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil) no Centro de Pesquisa do Rio de Janeiro.
      Informe Ensp

      Higienização das mãos pode evitar infecções hospitalares graves


        lavar as mãos - caimacanulNo início de abril, saiu na imprensa a notícia sobre o mutirão de cirurgias de cataratas realizado em um hospital de São Bernardo do Campo. Dos 27 pacientes submetidos ao procedimento cirúrgico, 21 apresentaram quadro de infecção e parte dos infectados perderam a visão. O diagnóstico foi de infecção hospitalar, com a presença da bactéria do gênero Pseudomonas, que aumenta o risco de morte. Há estratégias de prevenção e controle de infecção baseadas em evidências para que eventos como esse não ocorram.
        Segundo a Coordenadora Estadual de Controle de Infecção Hospitalar da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, a médica Sibelle Buonora, “a questão das complicações envolvendo os mutirões de catarata é bastante preocupante. As complicações infecciosas envolvidas no procedimento quase sempre causam diminuição da qualidade da visão e/ou cegueira. Como todo procedimento cirúrgico, na cirurgia oftalmológica há necessidade da observância dos conceitos de cirurgia segura e da tomada de medidas de prevenção às infecções relacionadas à assistência à saúde”. Sibelle Buonora explica que tais medidas de prevenção às infecções devem ser implementadas envolvendo as diretrizes de identificação correta do paciente e do órgão a ser operado, lavagem de mãos antes e após o procedimento, uso de luvas adequadas ao procedimento proposto, observância às normas de esterilização de equipamentos cirúrgicos e emprego de antibióticos adequados quando indicado.
        Segundo o infectologista, Ícaro Boszczowski, coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC), “a literatura médica revela que em fontes de surto de infecções oculares a contaminação de soluções (colírios) usadas de maneira compartilhada entre pacientes e falhas no processo de manutenção de assepsia e antissepsia são apontadas como os principais responsáveis pela maioria dos casos publicados”. De acordo com Boszczowski, a prevenção de infecção hospitalar é um grande desafio. O HAOC desenvolve diversas estratégias, principalmente relacionadas a procedimentos cirúrgicos, para evitar casos como esse ocorrido no mutirão de cataratas de São Bernardo do Campo. “A prevenção de infecções relacionadas a procedimentos cirúrgicos é bastante complexa e envolve desde protocolos de limpeza, desinfecção e esterilização de materiais até a observação contínua do cumprimento das técnicas de assepsia e antissepsia, uso de antibiótico profilático no momento adequado e cuidados no pós-operatório. Nós temos, portanto, indicadores de todas estas etapas sendo monitoradas continuamente. Ter rastreabilidade dos materiais usados em procedimentos cirúrgicos é extremamente importante, ou seja, saber exatamente qual material e/ou medicação foi usado em cada paciente com número de lote e data. Ao se perceber casos incomuns de infecção que aparecem de maneira agrupada, é possível identificar rapidamente se há algum material e/ou medicação envolvido e interromper o surgimento de novos casos”, afirmou.
        No caso do mutirão de cirurgias para cataratas, a infecção foi causada pela bactéria do gênero Pseudomonas, que é considerada uma bactéria resistente. Para combater a resistência microbiana, um problema de saúde de preocupação mundial, o hospital utiliza estratégias de vigilância constante de patógenos multidrogarresistentes (MDR). “A bactéria do gênero Pseudomonas é um patógeno frequente entre as infecções hospitalares e outras infecções relacionadas à assistência à saúde. Nem sempre essa bactéria apresenta-se de forma resistente aos antibióticos e a frequência com que isso acontece varia entre as instituições. O fato é que o número de infecções causadas por bactérias resistentes tem aumentado mundialmente. Este aumento deve-se, pelo menos em parte, ao uso indiscriminado de antibióticos e à disseminação da infecção entre pacientes por meio das mãos de profissionais de saúde. A Organização Mundial da Saúde lançou, em 2015, um alerta para este problema de saúde pública, conclamando os profissionais de saúde para o uso racional de antibióticos e apontando a necessidade de programas consistentes de higienização das mãos. No Hospital Alemão Oswaldo Cruz, fazemos vigilância contínua e sistemática de patógenos multidrogarresistentes (MDR). Todos os pacientes admitidos no hospital e provenientes de outras instituições ou que tenham fatores de risco para portar uma bactéria MDR são mantidos em precauções de contato (uso de avental e luvas para seu atendimento) até que os testes para identificação destas bactérias sejam negativos. Da mesma forma, se, ao longo da internação, alguma bactéria MDR for identificada, o paciente é imediatamente colocado em precauções de contato e, em algumas situações, pacientes do mesmo andar ou da mesma unidade são investigados para o reconhecimento de eventual transmissão e implantação de medidas de bloqueio. Analisamos continuamente a incidência de infecções por bactérias MDR no hospital para podermos atuar precocemente em casos de elevação inesperada destes índices”, destacou Boszczowski.
        Entre as ações gerais de prevenção de infecção hospitalar, o infectologista destaca a higienização das mãos. “A estratégia de maior importância ainda é a higienização das mãos por parte dos profissionais de saúde sempre antes e após examinar o paciente ou prestar algum tipo de cuidado. Para que a adesão a esta medida simples seja universal, nós empreendemos no HAOC um esforço grande para manter um programa de educação continuada em higienização das mãos. A fim de garantir estrutura excelente para a higienização adequada, revisamos continuamente as pias, dispensadores de sabão e papel toalha, além dos dispensadores de álcool de todo o hospital. Estes pontos de higienização de mãos não devem estar a mais de cinco passos do leito do paciente. Em alguns períodos (sem aviso prévio), observamos a adesão à higienização das mãos por parte dos profissionais de saúde durante o atendimento ao paciente. Após estas auditorias, nós apresentamos os resultados para os profissionais da instituição e discutimos os números. Os dados são apresentados em proporção de oportunidades aproveitadas. Por exemplo, se um profissional teve dez oportunidades para higienizar suas mãos durante um atendimento e o fez em apenas oito, terá 80% de aproveitamento. A análise contínua destes dados de consumo e aproveitamento de oportunidades, aliada a atividades de reforço positivo desta prática, tem apresentado grande sucesso no aumento da adesão”, detalhou Boszczowski, ratificando que o apoio e o comprometimento da alta administração são aspectos fundamentais para o sucesso de qualquer campanha de higienização das mãos nos hospitais.
        Por fim, Sibelle Buonora comentou que, em termos de políticas públicas específicas para a cirurgia oftalmológica, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está em fase de revisão do pacote de orientações para cirurgias oftalmológicas seguras, mas que, ainda assim, há documentos orientadores das medidas para a higienização das mãos e para a realização de cirurgias seguras universais que podem ser implementados em qualquer tipo de cirurgia.
        Isis Breves (Proqualis/Icict/Fiocruz)

        quinta-feira, 21 de julho de 2016

        SAE

        SAE ENFERMAGEM

        Avaliação da implantação da sistematização da assistência de enfermagem em uma unidade pediátrica
        Evaluation of the implementation of the systematic organization of nursing care in a pediatric ward
        Tatiana Silva Tavares1; Adriana Silva de Castro2; Adriana Rosa Ferreira Fernandes Figueiredo3; Dener Carlos dos Reis4
        1. Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem. Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Belo Horizonte, MG - Brasil
        2. Enfermeira. Belo Horizonte, MG - Brasil
        3. Enfermeira. Unidade de Pediatria do Hospital das Clínicas da UFMG. Belo Horizonte, MG - Brasil
        4. Professor adjunto da Escola de Enfermagem da UFMG. Belo Horizonte, MG - Brasil
        Endereço para correspondência
        Tatiana Silva Tavares
        E-mail: tatianasilvatavares@yahoo.com.br

        Submetido em: 22/07/2011
        Aprovado em: 18/09/2012
        RESUMO
        A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) possibilita melhorar a qualidade do cuidado prestado pela equipe de enfermagem. Entretanto, sua implantação ainda é incipiente nos serviços de saúde. O objetivo com este estudo foi avaliar o processo de implantação da SAE em uma unidade pediátrica de um hospital universitário. Trata-se de um estudo de caso de abordagem quantitativa, no qual foram coletadas informações nos formulários institucionais destinados à SAE e aplicados questionários aos profissionais da equipe de enfermagem. Evidenciou-se que o processo de implantação da SAE enfrentou dificuldades relacionadas à sobrecarga de trabalho dos enfermeiros, à falta de conhecimento dos técnicos de enfermagem sobre o tema e ao pouco envolvimento dos profissionais da equipe nesse processo. A inadequação dos formulários institucionais destinados à SAE, associado ao seu preenchimento insatisfatório, e a falta de articulação entre as fases do processo de enfermagem também foram fatores que comprometem a implantação da SAE. Identificou-se a necessidade de mais inclusão dos técnicos de enfermagem na realização das etapas da SAE. Além disso, os resultados evidenciaram que o currículo dos cursos dos técnicos precisa contemplar conteúdos sobre o processo de enfermagem e a SAE, abordando as competências dos técnicos. Conclui-se que o processo de implantação da SAE deve ocorrer num contexto de gestão participativa, considerar aspectos organizacionais, como número de funcionários e intensidade de cuidado demandado pelos pacientes da unidade, além de valorizar a capacitação e sensibilização dos profissionais sobre esse sistema.
        Palavras-chave: Processos de Enfermagem; Enfermagem Pediátrica; Assistência Hospitalar; Avaliação de Processos (Cuidados de Saúde); Equipe de Enfermagem.

        INTRODUÇÃO
        Este estudo insere-se no campo de investigação da área de enfermagem, voltado para aprimorar o processo de organização e planejamento da assistência de enfermagem em unidade de internação pediátrica. No Brasil, entre as contribuições teóricas sobre a organização e planejamento da assistência de enfermagem, destaca-se a teoria de Wanda Horta, que desde a década de 1970 propõe um modelo fundamentado nas necessidades humanas básicas visando assegurar um processo adequado para a assistência de enfermagem.1
        A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma atividade privativa do enfermeiro, que utiliza método científico para identificar as situações de saúde-doença dos indivíduos e subsidiar as ações de assistência, contribuindo para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde. A SAE permite organizar e direcionar o trabalho dos profissionais de Enfermagem quanto ao método, pessoal e instrumentos, viabilizando a operacionalização do Processo de Enfermagem (PE).2
        O PE é um instrumento que orienta o cuidado de enfermagem e a documentação da prática profissional, integrando a SAE. O PE deve ser baseado em uma teoria que oriente suas etapas.2 De acordo com a teoria de Wanda Horta, o PE contempla a avaliação do estado de saúde dos indivíduos por meio do seu histórico de saúde/doença e pela realização do exame físico, identificação dos diagnósticos de enfermagem, elaboração de plano assistencial, prescrição de cuidados, avaliação da evolução e prognóstico da assistência de enfermagem.2,3 Cabe ressaltar que a SAE e o PE são inter-relacionados, apesar de suas especificidades conceituais e operacionais, e quando incorporados no processo de trabalho permitem organizar e avaliar a prática de enfermagem de forma a melhorá-la e garantir a continuidade das informações sobre o cuidado.4,5
        Nesse sentido, a realização de estudos voltados para o aprimoramento da implantação SAE é oportuna, pois a sistematização da assistência possibilita criar uma linguagem universalizada para os cuidados de enfermagem, identificar sua eficácia e estabelecer um padrão de qualidade.6 Entretanto, a implementação da SAE ainda é um desafio, pois é um processo incipiente nos serviços de saúde, dadas dificuldades, como a sobrecarga de trabalho associada aos desvios e a indefinição da função do enfermeiro, a exiguidade de tempo para a assistência dado o número insuficiente de profissionais e a falta de conhecimento da equipe de enfermagem sobre a SAE.1,4,7,8
        A implantação da SAE no cotidiano da assistência de enfermagem poderá ser ampliada e potencializada pela adoção institucional de uma gestão participativa, na qual os profissionais de enfermagem tenham a possibilidade de compreender, construir ou reconstruir seu processo de trabalho em parceria com os gestores.4 Acredita-se que um processo participativo, subsidiado por discussões relacionadas aos desafios e às oportunidades da utilização da SAE pela equipe de enfermagem, pode romper com os movimentos centralizados, verticalizados e fragmentados de implantação da SAE.
        Nesse contexto, o objetivo geral com este estudo foi avaliar o processo de implantação da SAE em uma unidade pediátrica de um hospital universitário. Especificamente, buscou-se identificar a percepção da equipe de enfermagem sobre a SAE e sua implantação, bem como avaliar a aplicação das etapas do processo de enfermagem por enfermeiros de uma unidade de internação pediátrica. A implantação da SAE em unidade pediátrica é um desafio para a equipe de enfermagem, uma vez que se trata de uma unidade com aspectos singulares no processo de trabalho, como a internação conjunta, condições crônicas que demandam longo período de internação, sucessivas reinternações e pacientes com alta dependência dos cuidados de enfermagem, dado o momento do ciclo vital.

        MÉTODO
        Trata-se de um estudo de caso descritivo e exploratório, de abordagem quantitativa, sobre o processo de implantação da SAE em uma unidade de internação pediátrica. O estudo foi realizado entre março e junho de 2010, na unidade de pediatria de um hospital público universitário de grande porte, localizado no estado de Minas Gerais. A unidade possui 60 leitos, com internação conjunta, sendo atendidas, principalmente, as especialidades de Neurologia, Cardiologia, Hematologia e Oncologia. Por se tratar de um hospital-escola, o atendimento é realizado por profissionais, professores e alunos de diversas áreas da saúde.
        Nesse período, a SAE estava sendo implantada em todas as unidades desse hospital pela vice-diretoria técnica de enfermagem (VDTE), com fundamento na teoria de Wanda Horta. Foram elaborados três impressos para viabilizar a SAE: histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem e prescrição de enfermagem. Esses impressos, no momento da implantação da SAE, foram adaptados para a realidade de cada unidade do hospital com a participação dos enfermeiros.
        O impresso de histórico era preenchido pelo enfermeiro apenas no momento da admissão do paciente, com informações de identificação da criança ou adolescente; motivo de internação; histórico de saúde; informações sobre as necessidades humanas básicas; dados do exame físico; dados de exames de interesse para a enfermagem; impressões do enfermeiro; além de expectativas do paciente e/ou dos pais relacionadas à assistência de enfermagem e ao tratamento proposto.
        No impresso de diagnóstico de enfermagem utilizou-se a classificação da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) e consistiu de uma lista de diagnósticos de enfermagem, previamente definida pelos enfermeiros de acordo com a prevalência nessa unidade, sendo possível acrescentar outros, caso necessário. O impresso permitia ao enfermeiro definir, à frente de cada diagnóstico, se este estava ausente (A), presente (P), melhorado (M) e resolvido (R).
        Da mesma forma, o impresso de prescrição de enfermagem consistiu de uma lista de intervenções definidas previamente pelos enfermeiros, com os cuidados frequentes fundamentados nos diagnósticos de enfermagem recorrentes na unidade. Nesse impresso, o enfermeiro marcava as intervenções necessárias e sinalizava os horários que deviam ser realizadas pelo enfermeiro ou técnico de enfermagem. Se necessário, o enfermeiro podia acrescentar outras intervenções não previstas na lista. Os impressos de diagnóstico e de prescrição eram reavaliados a cada 24 horas. Esses impressos possuíam, também, dados de identificação do paciente e do enfermeiro que realizou o PE.
        O processo de implantação da SAE nessa instituição hospitalar incluiu duas etapas. Na primeira, foram realizadas oficinas para a sensibilização da equipe de enfermagem sobre a SAE e discussão de seus aspectos teóricos e práticos. Na segunda, a VDTE forneceu assessoria aos enfermeiros nos primeiros dias de implantação, acompanhando e discutindo a realização desse processo. Nessa unidade pediátrica, a implantação da SAE foi planejada para ocorrer de forma gradativa, a partir de novembro de 2009, até alcançar a totalidade dos leitos da unidade. No período da realização do estudo, a sistematização da assistência era aplicada a 20 (33,3%) dos 60 leitos da unidade.
        Do total de 79 profissionais da equipe de enfermagem dos turnos diurno e noturno da unidade investigada, 15 eram enfermeiros e 64 eram técnicos de enfermagem. Participaram do estudo 53 (67%) profissionais da equipe, sendo 10 enfermeiros e 43 técnicos de enfermagem. As perdas estão relacionadas à recusa em participar, afastamento do serviço no período da coleta de dados e profissionais que entraram na unidade de pediatria após a implantação da SAE em novembro de 2009. Todos os profissionais da equipe de enfermagem foram esclarecidos sobre os objetivos do estudo e convidados a participar, sendo que aqueles que concordaram assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
        A coleta de dados foi feita em duas fases. Na primeira, foi feita coleta de informações nos formulários institucionais destinados à SAE, arquivados nos prontuários de enfermagem das crianças ou adolescentes. O período de coleta foi de 15 dias e foram avaliados 13 (65%) dos 20 prontuários previstos para essa fase da implantação da SAE na unidade. Excluíram-se sete prontuários, por não conterem registros de atividades da SAE no período investigado. Cada prontuário foi avaliado por cinco dias consecutivos, visando identificar a continuidade da aplicação da SAE.
        Os pesquisadores avaliaram os impressos de histórico, diagnóstico e prescrição de enfermagem considerando se os campos dos impressos estavam preenchidos (sim, não e não se aplica) e a adequação das informações ao campo (sim, não/motivo e não se aplica). A análise da adequação da informação baseou-se na verificação da correspondência entre a informação que deveria constar em cada item e os dados preenchidos. Foram utilizados como referência os roteiros de preenchimento elaborados pela VDTE para os impressos com as informações que deveriam constar em cada item. Além disso, foram registrados todos os diagnósticos e as prescrições de enfermagem no período investigado.
        Na segunda fase, os pesquisadores aplicaram um questionário aos enfermeiros e técnicos de enfermagem, participantes do estudo, sobre o nível de conhecimento autorreferido sobre a SAE e o processo de enfermagem, a adesão à implantação e facilidades e dificuldades percebidas por eles na implantação da SAE na unidade. Além dessas informações, o questionário contemplava dados sociodemográficos, tempo de formação e atuação na área de enfermagem pediátrica.
        Os dados obtidos na coleta nos formulários da SAE e nos questionários foram armazenados em planilhas eletrônicas no softwareExcel® e analisados por meio da estatística descritiva, com cálculo de frequências absolutas e relativas. Nos dados provenientes da questão discursiva do questionário sobre o conceito de SAE utilizou-se a análise dos temas recorrentes identificados nas respostas.
        O estudo foi aprovado pelo Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem da UFMG, pelo Departamento de Ensino e Pesquisa (DEPE) do Hospital e pelo COEP/UFMG (Parecer Etic nº 0195.0.203.000-10). As fases do estudo foram desenvolvidas respeitando-se as determinações da Resolução nº 196/96 do Ministério da Saúde, que regulamenta a pesquisa envolvendo seres humanos.9

        RESULTADOS
        Avaliação dos formulários institucionais da SAE
        Foram avaliados 13 impressos de histórico de enfermagem, preenchidos pelo enfermeiro em sua primeira avaliação da criança ou do adolescente. Os resultados evidenciaram que do total desses 13 impressos de histórico de enfermagem nenhum foi preenchido de forma integral e adequada, pois se identificaram itens sem preenchimento ou com preenchimento inadequado.
        Percentuais altos de preenchimento e adequação da informação foram identificados nos dados do exame físico relacionados à cabeça, como couro cabeludo; fontanelas e olhos (100%); drenos (100%); integridade da região perianal (100%); ingurgitamento das jugulares (92,3%); e parâmetros vitais, como pulso (84,7%), frequência respiratória (84,7%) e temperatura axilar (76,9%). Com percentuais semelhantes, as informações do histórico sobre tratamento proposto (84,7%) e estado vacinal (84,7%) foram avaliadas como de preenchimento adequado.
        Entretanto, alguns itens do histórico e exame físico, apesar de também terem percentuais de preenchimento próximo de 70%, apresentaram percentuais abaixo de 30% quando analisados quanto à adequação da informação ao item avaliado. Por exemplo, o item sobre a descrição das percepções e expectativas do usuário ou responsável sobre o tratamento proposto teve percentual de preenchimento de 69,2%, porém, todas as respostas para esse item descreviam apenas as queixas atuais do paciente, sendo consideradas inadequadas. Isso porque a orientação para o preenchimento desse item contemplava, além das queixas atuais do paciente, experiências anteriores com doenças e hospitalização e as expectativas do paciente ou dos pais sobre os cuidados de saúde e de enfermagem.
        Outros itens que apresentaram discrepância entre o percentual de preenchimento e de adequação da informação, pois os dados registrados eram insuficientes, foram: eliminações fisiológicas (76,9 e 23,1%); regulação neurológica ou comportamental (69,2 e 38,5%); aspecto geral da criança e do adolescente (84,7 e 15,3%); avaliação do tórax (76,9 e 0%), do abdome (100 e 7,7%), dos membros superiores (100 e 7,7%) e dos membros inferiores (69,2 e 7,7%).
        Percentuais baixos de preenchimento foram identificados em itens fundamentais para subsidiar o cuidado de enfermagem como: comorbidades (15,3%); resultado de exames complementares (0%); especificação da terapêutica (23,1%); regulação hormonal (7,7%); uso de imunossupressores (23,1%); pressão arterial (23,1%); perímetro cefálico e torácico (0%); peso (23,1%); altura (7,7%); ferida operatória (15,4%); estoma (7,7%); e impressões do enfermeiro entrevistador (7,7%).
        Foram identificados e avaliados 65 impressos de diagnóstico de enfermagem, referentes aos 13 casos investigados durante o período de cinco dias, nos quais foram constatados 501 diagnósticos de enfermagem, resultando na média de oito diagnósticos por dia para cada paciente (Tabela 1).


        Os diagnósticos com mais alto percentual de utilização foram enfretamento familiar comprometido (56,9%); nutrição desequilibrada - menos que as necessidades corporais (43,1%); risco de desequilíbrio eletrolítico (43,1%); risco de quedas (43,1%); mucosa oral prejudicada (41,5%); medo (38,46%); risco de integridade da pele prejudicada (38,5%); risco de aspiração (35,4%); hipertermia (35,4%); e padrão respiratório ineficaz (30,8%). O número elevado de diagnósticos, provavelmente, está relacionado à complexidade dos casos das crianças ou adolescentes que estavam hospitalizados no período de coleta de dados, com doenças de base como câncer (leucemias, linfoma, rabdomiossarcoma, meduloblastoma), sepse, fibrose cística, doenças cardíaca, neurológica e hematológica (púrpura trombocitopênica idiopática e anemia falciforme).
        Foram identificados e avaliados 65 impressos de prescrição de enfermagem, que permitiram identificar os principais cuidados definidos pelo enfermeiro (Tabela 2). Foram identificadas as prevalências dos tipos de cuidados de enfermagem à criança hospitalizada, sendo mais frequente a prescrição para verificar sinais vitais (55,4%); incentivar, realizar, auxiliar ou supervisionar higiene corporal (52,3%); observar características de eliminações fisiológicas por drenos, feridas, tubo orotraqueal, traqueostomia e estoma (50,8%); orientar criança e responsável sobre procedimentos terapêuticos (49,2%); oferecer, auxiliar e supervisionar ingesta e tolerância alimentar (47,7%); avaliar condições de pele (47,7%); orientar criança e responsável quanto às condutas para prevenção e controle de infecção hospitalar (44,6%); incentivar, realizar e auxiliar higiene oral (18,2%); observar sítio de cateter venoso e cirúrgico quanto aos sinais flogís-ticos (16,25%); orientar e aplicar creme hidratante em todo o corpo (12,35%). Essas prescrições referem-se a cuidados rotineiramente realizados pelos técnicos de enfermagem em unidade de internação pediátrica.


        A etapa de evolução de enfermagem não possuía formulário específico, sendo realizada em impresso de evolução geral no prontuário do paciente. O registro da evolução foi identificado em apenas 30,8% (N=4) dos prontuários. Além disso, esse registro consistia de um exame físico do paciente, não relacionando seu estado geral e a situação dos problemas identificados.
        Percepções e opiniões de enfermeiros e técnicos de enfermagem sobre a SAE
        Participaram do estudo 53 (67%) do total de 79 profissionais da equipe de enfermagem, sendo 10 enfermeiros e 43 técnicos de enfermagem. Os participantes do estudo foram predominantemente mulheres (98,11%), com idade média de 36 anos para enfermeiros e 38 anos para técnicos de enfermagem. A média de tempo de trabalho na unidade foi de quatro anos para enfermeiros e de sete anos para técnicos de enfermagem. Destaque-se que 16,27% dos técnicos de enfermagem possuíam curso graduação em Enfermagem.
        A maioria dos enfermeiros (60%) soube do processo de implantação da SAE na unidade pela VDTE, enquanto os técnicos de enfermagem tomaram conhecimento, principalmente, por meio da coordenação de enfermagem da unidade (39,53%). A participação no processo inicial de implantação foi de 90% dos enfermeiros e de 23,26% dos técnicos de enfermagem. A autoavaliação do conhecimento sobre a SAE demonstrou que 90% dos enfermeiros consideraram seu conhecimento bom, enquanto entre os técnicos de enfermagem 39% conceituaram como bom ou muito bom, 35% como razoável e 26% como ruim ou muito ruim.
        Um dado relevante foi que 30% dos enfermeiros e 23% dos técnicos de enfermagem perceberam que a implantação da SAE não alterava a assistência e 20% dos enfermeiros e 26% dos técnicos de enfermagem relataram que ela burocratizava a assistência de enfermagem. Por outro lado, 50% dos enfermeiros e 51% dos técnicos avaliaram que a SAE beneficiava ou beneficiava muito a assistência. O nível de adesão na sistematização da assistência foi considerado razoável por 50% dos enfermeiros e 33% dos técnicos de enfermagem e bom por 40% dos enfermeiros e 21% dos técnicos de enfermagem. Destaque-se que 40% dos técnicos informaram que sua adesão pode ser considerada ruim ou muito ruim.
        Ao serem questionados sobre os fatores que dificultavam e facilitavam a implantação da sistematização da assistência, os profissionais de ambas as categorias mencionaram como dificultadores a sobrecarga de trabalho relacionada ao número insuficiente de profissionais de enfermagem (30% dos enfermeiros e 23,3% dos técnicos), a sobrecarga de trabalho relacionada aos desvios e à indefinição da função do enfermeiro na unidade (20% dos enfermeiros e 18,6% dos técnicos) e o pouco tempo para a assistência (20% dos enfermeiros e 18,6% dos técnicos). Os técnicos de enfermagem (14%) também identificaram como fator dificultador a burocracia para a implantação da SAE (Tabela 3).


        Os profissionais da equipe de enfermagem mencionaram como fatores facilitadores a capacitação da equipe de enfermagem sobre a SAE (20% dos enfermeiros e 14% dos técnicos) e a gestão participativa (20% dos enfermeiros e 11,6% dos técnicos). Além desses fatores, foram considerados facilitadores pelos enfermeiros os formulários institucionais para a SAE (20%); e pelos técnicos de enfermagem, as reuniões periódicas com a equipe (11,6%) (Tabela 4).


        Em relação à avaliação dos formulários institucionais da SAE, a maioria dos enfermeiros considerou razoável o impresso de histórico de enfermagem (N=6; 60%) e conceituou o impresso de diagnósticos de enfermagem como bom ou muito bom (N=5; 50%). O impresso de prescrição de enfermagem, utilizado por enfermeiros e técnicos de enfermagem, foi avaliado por ambos, sendo considerado bom ou muito bom por 60% (N=6) dos enfermeiros e aproximadamente 45% (N=19) dos técnicos.
        A respeito da frequência com que os diagnósticos e as prescrições são reavaliados, 30% dos enfermeiros responderam que o faziam diariamente, 20% realizavam essa atividade duas ou três vezes por semana, 10% informaram que a realizavam uma vez por semana e 10%, uma vez ao mês. Além disso, 30% dos enfermeiros declararam que executavam essa atividade apenas quando tinham tempo, não definindo a frequência. Os técnicos de enfermagem, em sua maioria, referiram que quase diariamente liam as prescrições (N=15; 37,2%), realizavam os cuidados prescritos (N=26; 60,4%) e checavam os cuidados realizados na prescrição de enfermagem (N=19; 39,5%). Entretanto, cerca de 20% dos técnicos relataram que nunca liam as prescrições e não realizavam os cuidados de acordo com a prescrição do enfermeiro e 40% nunca checavam os cuidados realizados na prescrição de enfermagem.
        Na Tabela 5 são apresentadas as definições relatadas pelos enfermeiros e técnicos de enfermagem sobre a SAE. Evidenciou-se uma diversidade conceitual que engloba tanto aspectos relacionados às atividades de sistematização da assistência de enfermagem quanto ao impacto esperado pela implantação da SAE.


        Observou-se que os técnicos de enfermagem apresentaram um conceito vinculado ao papel de cada profissional na SAE, predominando a compreensão de que o técnico deve restringir-se a realizar os cuidados prescritos pelos enfermeiros e checá-los no formulário de prescrição de enfermagem (53,5%). Além disso, 18,6% desses profissionais ainda não tinham clareza sobre as suas responsabilidades na SAE. Alguns técnicos (14%), entretanto, ressaltaram que deveriam participar de todas as etapas desse processo. Os enfermeiros definiram a SAE como um processo privativo dessa categoria profissional que organiza e padroniza a assistência de enfermagem por meio de ações sistematizadas e inter-relacionadas (Tabela 6).


        DISCUSSÃO
        O processo de enfermagem é realizado em etapas distintas, que devem ser inter-relacionadas para possibilitar o adequado planejamento da assistência.5,7 Na unidade onde foi realizado o estudo, o PE é desenvolvido em quatro etapas: histórico, diagnóstico, prescrição e evolução de enfermagem. Observou-se que o impresso de histórico de enfermagem não era preenchido integral e adequadamente, o que poderia comprometer a qualidade do processo de enfermagem. Isso porque a realização apropriada das etapas subsequentes do PE depende da avaliação do estado de saúde do indivíduo realizada no histórico de enfermagem.7
        Evidenciou-se que os itens com mais altos percentuais de preenchimento no formulário de histórico de enfermagem referiam-se às informações disponíveis no prontuário ou nos dados obtidos por meio da inspeção da criança ou adolescente. Por sua vez, os mais baixos percentuais de preenchimento foram identificados nos itens que necessitavam da realização de entrevista ou exame físico completo. Acredita-se que o preenchimento desses itens foi comprometido porque a obtenção da informação demanda mais tempo. De fato, os enfermeiros mencionaram a falta de tempo como um dos principais fatores que dificultavam a implantação da SAE. Esse fator tem sido citado frequentemente na literatura como barreira para a realização da SAE.7
        Diante disso, é necessário considerar, no processo de incorporação de novas atividades, como a implantação da SAE, a realidade de trabalho da enfermagem no serviço, de forma a definir uma proposta viável. Considerando a realidade da unidade pediátrica, foi proposto um novo modelo de impresso de histórico de enfermagem, com o objetivo de garantir que a etapa de histórico de enfermagem seja realizada em menos tempo, mas com melhor qualidade de informações. Para isso, o impresso foi estruturado de forma a direcionar o que deveria ser analisado em cada item, apresentando opções para serem marcadas.
        A análise dos dados obtidos dos formulários de diagnóstico de enfermagem demonstrou multiplicidade de diagnósticos para um mesmo paciente, o que pode estar relacionado à complexidade da situação de saúde-doença das crianças e adolescentes internadas nessa unidade pediátrica. Por sua vez, a avaliação dos formulários de prescrição de enfermagem evidenciou que a maioria dos cuidados prescritos correspondia às rotinas já realizada pelos técnicos de enfermagem com todos os pacientes, como verificar dados vitais, fornecer suporte nutricional e propiciar cuidados de higiene.
        A falta de especificidade dos diagnósticos e prescrições pode comprometer a eficácia da SAE, sendo importante conscientizar os enfermeiros da importância de delimitar as peculiaridades da situação de cada criança ou adolescente para que os cuidados estejam de acordo com suas necessidades. Estudos ressaltam que a SAE feita de forma mecanizada e repetitiva, limitando-se à recomendação de cuidado de rotina, não respeita a individualidade do paciente, sendo necessário estimular o raciocínio clinico dos enfermeiros para que se possa considerar as peculiaridades dos pacientes e atuar com eficiência.4,7 Os diagnósticos e prescrições de enfermagem, quando definidos adequadamente, podem contribuir para o aprimoramento de protocolos assistenciais e a definição de temáticas para capacitação da equipe de enfermagem.
        Observou-se que a evolução de enfermagem foi realizada com pouca frequência e não atendia aos pressupostos da teoria de Wanda Horta para essa etapa do processo de enfermagem.3 A etapa de evolução é fundamental para saber sobre o estado do paciente e sua recuperação. A prescrição de enfermagem deve ser baseada nela, para que os cuidados se destinem a resolver os problemas identificados.7 Diante disso, foi proposto, também, um impresso de evolução de enfermagem com o intuito de melhorar a realização dessa fase do PE. Esse impresso também foi estruturado de forma a direcionar o que deveria ser analisado em cada item, apresentando opções para serem marcadas.
        De acordo com os resultados, os enfermeiros consideram que participavam e se envolviam mais na implantação da sistematização da assistência e possuíam mais conhecimento sobre a SAE do que os técnicos de enfermagem. Esses resultados podem estar relacionados tanto à forma como a SAE foi implantada na unidade de estudo, envolvendo mais os enfermeiros, quanto à abordagem da sistematização da assistência na formação de nível médio e superior em enfermagem.
        Enfatizou-se a necessidade de sensibilização dos enfermeiros e técnicos de enfermagem sobre a importância da SAE e de inclusão desses profissionais no processo de implantação.10 Além disso, verificou-se que a sistematização da assistência precisa ser mais abordada nos cursos de Enfermagem de nível médio. Atualmente, a SAE está presente nos currículos dos cursos de graduação em Enfermagem, mas pouca ou nenhuma informação é oferecida nos cursos técnicos. Diante disso, é fundamental estabelecer programas de capacitação dos profissionais nos serviço para compensar as lacunas na formação, pois a falta de compreensão dos técnicos de enfermagem quanto à finalidade da SAE e as suas competências no processo de sistematização da assistência dificultam a adesão e a participação deles nas atividades da SAE.7,11
        Identificou-se diversidade de conceitos atribuídos à sistematização da assistência pelos enfermeiros e técnicos de enfermagem. Esses dados reafirmam os resultados de outros estudos sobre a sistematização da assistência, nos quais, embora nenhum profissional tenha dado um conceito totalmente adequado ao proposto na literatura sobre a SAE, todos a reconhecem como um processo desenvolvido pela enfermagem para que esta possa aplicar seus conhecimentos no cuidado aos pacientes.5,11 Entretanto, é importante considerar que não é suficiente os profissionais reconhecerem a importância da SAE e do processo de enfermagem para o trabalho da enfermagem; é necessário que a equipe saiba suas etapas e como cada uma deve ser implementada em sua prática diária.5
        O conceito apresentado pelos técnicos de enfermagem é recorrente em outras pesquisas que ressaltam fragmentação da assistência, na qual, em geral, o enfermeiro concebe e prescreve o cuidado para que o técnico de enfermagem execute, sem participar do planejamento. Esses estudos destacam a necessidade de os enfermeiros incluírem os técnicos de enfermagem na realização da SAE, de acordo com suas possibilidades e respeitando as exigências legais, tendo em vista que eles fazem parte da equipe que assiste o paciente.11 Diante disso, a implementação da SAE deve pautar-se por relações mais igualitárias e planejamento mais participativo do processo de enfermagem.5,7
        Os resultados desta investigação evidenciaram que a maioria dos enfermeiros não executava todas as etapas da SAE diariamente e que a maioria dos técnicos de enfermagem não fundamentava os cuidados na prescrição de enfermagem. Isso sugere que a equipe pode não estar preparada ou não visualizar o profissional enfermeiro como responsável pelo gerenciamento da assistência de enfermagem, por estar habituada a rotinas e ao cumprimento da prescrição médica.4,11 Além disso, a prescrição de enfermagem costuma não ser valorizada pelos próprios enfermeiros, pela equipe de enfermagem, pelos médicos e pela administração da instituição.4
        Os principais fatores que dificultam a operacionalização da sistematização da assistência na percepção dos profissionais da equipe de enfermagem que participaram do estudo estão relacionados à sobrecarga de trabalho e aos desvios e à indefinição da função do enfermeiro. De fato, problemas para a implantação da SAE dada a sobrecarga de trabalho são recorrentes nos estudos sobre sistematização da assistência.4,5,10,11 Para que se tenha assistência de enfermagem adequada e individualizada, é necessário que a implantação da SAE esteja ajustada à realidade da instituição, como número de funcionários, horas semanais de serviço, tipo e intensidade de cuidado demandado pelos pacientes internados na unidade.5
        Os fatores que facilitam a implantação da SAE reportados pelos profissionais da equipe de enfermagem são as capacitações e reuniões com a equipe, além dos formulários da SAE. O preparo profissional para desenvolver a SAE é fundamental, devendo fazer parte do programa de educação em serviço da instituição a capacitação e esclarecimento de dúvidas sobre o processo de enfermagem e o modelo teórico que sustenta as fases da SAE.4,7,10

        CONSIDERAÇÕES FINAIS
        A SAE é importante para a assistência de enfermagem de excelência. O estudo evidenciou que o processo de implantação da SAE em unidade pediátrica pode enfrentar barreiras, como a sobrecarga de trabalho dos enfermeiros, a falta de conhecimento dos técnicos de enfermagem sobre a SAE e o pouco envolvimento dos profissionais da equipe nesse processo. A inadequação e o não preenchimento dos formulários institucionais relacionados à SAE e a falta de articulação entre as fases do processo de enfermagem também foram fatores que dificultaram a implantação da SAE nessa unidade.
        Os resultados do estudo demonstraram que, para a implantação eficaz da SAE, é necessário serem realizados na unidade processos de capacitação sobre a SAE, de sensibilização dos profissionais quanto à sua importância e de avaliação periódica da sua implementação, de forma a adequar o processo sempre que necessário para que ele se torne viável na realidade do serviço. Seria oportuno também que, além da adequação dos impressos, fosse realizada a digitalização da SAE na unidade, o que possibilitaria avanços mais expressivos no que se refere à diminuição do tempo de aplicação e melhor qualidade dos registros.
        Evidenciou-se que a participação dos técnicos de enfermagem no processo de sistematização da assistência precisa ser mais valorizada por meio da maior inclusão deles na realização das etapas da SAE. Além disso, a adequação dos currículos dos cursos técnicos de forma a contemplar a sistematização da assistência é fundamental para que tenham compreensão da finalidade da SAE e de suas competências no processo.
        Concluiu-se que o processo de implantação da SAE deve ocorrer num contexto de gestão participativa e considerar aspectos organizacionais, como número de funcionários e intensidade de cuidado demandado pelos pacientes da unidade. As mudanças institucionais e dos profissionais dependem de ações em longo prazo, acompanhadas de processos de avaliação constantes, visando identificar e superar as barreiras que impedem que a SAE seja incorporada nos serviços de saúde.

        AGRADECIMENTOS
        Aos enfermeiros e técnicos de enfermagem da unidade pediátrica, cuja participação foi fundamental para a realização deste estudo; à coordenação da unidade e à coordenação de enfermagem, pelo apoio ao desenvolvimento do projeto.

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